Blog: O meu Professor Quintela

Met dank overgenomen van C.M.F. (Carlos) Moedas i, gepubliceerd op vrijdag 11 maart 2016.

Hoje faleceu o Prof. António Quintela. Um grande vulto da engenharia hidráulica em Portugal e um dos homens que mudou a minha vida.

Em 1993, era eu um um jovem finalista de engenharia do Instituto Superior Técnico que sonhava com poder um dia vir a poder estudar no estrangeiro no âmbito de um novo programa europeu ainda pouco conhecido chamado Erasmus. Quando a oportunidade surgiu falei com dois professores com quem tinha à vontade e que vieram a ser cruciais na minha vida, o Prof. Ribeiro de Sousa e o Prof. António Quintela. Na altura vivíamos num mundo universitário ainda muito fechado e muitos dos professores do Técnico não percebiam o valor que tinha a experiencia do Erasmus. A experiência de estudar numa universidade no estrangeiro, de aprender a viver num país que não é nosso, de se abrir ao mundo. António Quintela era um homem viajado e que viu muito antes de todos os outros o valor que poderia ter a experiência para um jovem universitário estudar e viver no estrangeiro durante a licenciatura. E assim foi, perante a hesitação de muitos colegas ele foi essencial na aprovação da minha ida para Paris.

Parece que foi ontem, reunimos todos os nossos professores do quinto ano para aprovar a minha ida e de uma colega para a Ecole des Ponts et Chaussees e garantir que o curriculum que iríamos seguir naquele ano era compatível com o curriculum académico do Técnico. Muitos dos professores à volta da mesa hesitavam e diziam que seria melhor eu ficar no Técnico uma vez que algumas matérias eram diferentes na instuição parisiense. António Quintela que era o mais respeitado e mais senior de todos os professores interrompeu a reunião que já ía longa virou-se para todos e disse: "O Sr. Moedas vem de Beja e precisa de ver mundo. Peço que aprovem a ida dele para Paris" E assim foi. Fui ver mundo, passei 11 anos a viver fora de Portugal em Paris, Londres e Boston e o meu mundo nunca voltaria a ser o mesmo.

Viu-o pela última vez em Paris com a sua querida mulher por volta de 1994-1995 onde tomamos uma bebida no seu café preferido "Lá Rhumerie" no Boulevard Saint Germain. Nunca mais o vi e nunca tive a oportunidade de lhe dizer que nunca esquecerei o que fez por mim. Sem ele a minha vida teria sido tão diferente. Obrigado Professor Quintela por me ter mudado a vida. Até sempre.